Ainda seguindo um pouco mais na trilha da primeira postagem, ao terminar a leitura do texto sobre tutoria, descobri que para a palavra TUTOR, segundo o autor Oreste Preti, apresenta variadas terminologias, o que difere são as concepções que as fundamentam.
Para ele a “educação a distância, paradoxalmente, impõe interlocução permanente e, portanto, proximidade pelo diálogo”.Dentro desta concepção construtivista, libertária e transformadora, falar em "tutor" ("protetor do menor") é considerar o sujeito da educação um sujeito passivo, dependente do outro que o tutor, o protege, que decide o que fazer, quando e como. E tratando-se de um curso voltado para formação de adultos (geralmente são professores da rede pública de ensino) seria um contra-senso ainda maior, remetendo-os a uma situação de "minoridade", por falta de maturidade e autonomia.
Monitor, segundo suas raízes na língua latina, remete a quem adverte, censura, repreende; refere-se ao aluno-mestre "encarregado de repetir as lições aos colegas menos adiantados e olhar pela disciplina" (Dic. Ilustrado da Ling. Portuguesa). Aqui, também, perpassa a idéia da "inferioridade" do estudante que necessita, então, do amparo, do acompanhamento e da correção de outrem que, presume-se, seja "superior" a ele no domínio de conteúdos.
Já o orientador tem a função de orientar, de provocar o questionamento reconstrutivo, de estimular no aprendente sua capacidade de estudo independente, de auto-formação e auto-organização e sobretudo de respeito e de reconhecimento do outro como ele é, de seus ritmos, seus desejos e projeto de vida. Ele é um dos sujeitos ativos do processo educativo, que interage com o aprendente para que ambos busquem (re)significar e (re)construir concepções e práticas pedagógicas.
Ainda, segundo o autor, devemos, também, reconhecer que o orientador, enquanto sujeito de uma equipe, observa o caminho percorrido, avalia a trajetória, pesquisa, indaga e provoca a reflexão. Sendo indispensável sua participação em todo o processo de construção do curso (no planejamento, desenvolvimento e avaliação do mesmo). Por isso, ela necessita de uma formação inicial e continuada não somente no que diz respeito aos aspectos teórico-metodológicos do curso como da modalidade a distância. Nos momentos de planejamento, a orientadora participa da discussão, com os professores especialistas responsáveis pelas áreas de conhecimento do curso e com a equipe pedagógica, a respeito dos conteúdos a serem desenvolvidos, do material didático a ser utilizado, da proposta metodológica, do processo de acompanhamento e avaliação de aprendizagem. São constantemente retomados os princípios norteadores do curso, a partir das práticas vividas, de situações novas que aparecem, de discussões teóricas no campo da educação, de questionamentos e incertezas. Esse "mergulho" (ou "afastamento" da prática rotineira do curso) se dá nos Centros de Apoio de cada Pólo8, nos encontros mensais que aí ocorrem.
O orientador que não se abre para aprender, que não aprende continuamente, que não pesquisa, que não está bem consigo mesma, que não gosta e não se sente compromissada com o que está fazendo, como poderá orientar e fazer com que o acadêmico aprenda?
Muito mais do que realizar leituras e/ou participar dos encontros de formação, trata-se de um constante re-pensar e re-fazer da atividade de orientação por meio da atitude de pesquisar. Se o orientador pretende formar o acadêmico em sujeito com autonomia cognitiva e humana, capaz em aprender a aprender para que sua vida e sua prática pedagógica sejam transformadas, não é suficiente "cobrar" do acadêmico que ela pesquise, é fundamental que o orientador vivencie quotidianamente esta atitude investigando sobre a caminhada de seus acadêmicos como sobre sua trajetória enquanto orientador.
De certa forma, o autor não deixa de estar correto em sua colocação, pois a “nomeclatura” tutor, sugere o significado de protetor,de pessoa que se responsabiliza por outra e que resolve situações problemas para a mesma. Na verdade, em nada se parece com o real papel que desempenhamos. Não resolvemos ou “buscamos”para nós, responsabilidades que são das alunos, apenas orientamos, damos suporte, auxiliamos. Mostramos o caminho que devem percorrer para alcançarem seus objetivos, mas não caminhamos por eles!!
Então, neste sentido, será que a melhor terminologia aplicada à nós seria a de orientador? Agora fiquei em dúvida!!