segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O poder da palavra



Em um dos nossos últimos encontros no ESPEAD fizemos um exercício interessante, o de refletirmos sobre as intervenções postadas para os alunos nos diferentes ambientes propostos pelo PEAD, bem como sua qualidade e clareza. E foi durante a realização desta atividade que percebi o poder e quão importante são nossas palavras. Realmente nossas palavras, como tutores em um ambiente de EAD, são redes que tecem relações de troca, de entendimento, são vias condutoras de mão dupla que conduzem a novas idéias e sensações. O mesmo ocorreu quando comecei a comentar os portfolios das alunas, onde me foi oferecida à oportunidade de, através de comentários, estimulá-las, motivá-las e, sobretudo, contribuir para que desenvolvessem sua capacidade de organização das atividades e de auto-aprendizagem. Fiquei surpresa com o retorno positivo dado pelos alunos. Mandaram-me e-mails onde expressavam sua satisfação e seu bem estar por estarem sendo valorizadas em sua produção.
Realmente a palavra tem um poder imensurável, com ela podemos estimulá-los, fazendo com que construam cada vez mais e melhores aprendizagens significativas, ou não, depende do ponto de vista do aluno em relação ao que escrevemos.
Portanto, a criação de vínculos de afetividade a distância é possível e importante para diminuir a ansiedade dos alunos em relação à suas aprendizagens e para criar uma maior proximidade entre os envolvidos neste processo de (des) construção, ajudando na orientação do curso como um todo.





Tutor, monitor ou Orientador???


Ainda seguindo um pouco mais na trilha da primeira postagem, ao terminar a leitura do texto sobre tutoria, descobri que para a palavra TUTOR, segundo o autor Oreste Preti, apresenta variadas terminologias, o que difere são as concepções que as fundamentam.
Para ele a “educação a distância, paradoxalmente, impõe interlocução permanente e, portanto, proximidade pelo diálogo”.Dentro desta concepção construtivista, libertária e transformadora, falar em "tutor" ("protetor do menor") é considerar o sujeito da educação um sujeito passivo, dependente do outro que o tutor, o protege, que decide o que fazer, quando e como. E tratando-se de um curso voltado para formação de adultos (geralmente são professores da rede pública de ensino) seria um contra-senso ainda maior, remetendo-os a uma situação de "minoridade", por falta de maturidade e autonomia.
Monitor, segundo suas raízes na língua latina, remete a quem adverte, censura, repreende; refere-se ao aluno-mestre "encarregado de repetir as lições aos colegas menos adiantados e olhar pela disciplina" (Dic. Ilustrado da Ling. Portuguesa). Aqui, também, perpassa a idéia da "inferioridade" do estudante que necessita, então, do amparo, do acompanhamento e da correção de outrem que, presume-se, seja "superior" a ele no domínio de conteúdos.
Já o orientador tem a função de orientar, de provocar o questionamento reconstrutivo, de estimular no aprendente sua capacidade de estudo independente, de auto-formação e auto-organização e sobretudo de respeito e de reconhecimento do outro como ele é, de seus ritmos, seus desejos e projeto de vida. Ele é um dos sujeitos ativos do processo educativo, que interage com o aprendente para que ambos busquem (re)significar e (re)construir concepções e práticas pedagógicas.
Ainda, segundo o autor, devemos, também, reconhecer que o orientador, enquanto sujeito de uma equipe, observa o caminho percorrido, avalia a trajetória, pesquisa, indaga e provoca a reflexão. Sendo indispensável sua participação em todo o processo de construção do curso (no planejamento, desenvolvimento e avaliação do mesmo). Por isso, ela necessita de uma formação inicial e continuada não somente no que diz respeito aos aspectos teórico-metodológicos do curso como da modalidade a distância. Nos momentos de planejamento, a orientadora participa da discussão, com os professores especialistas responsáveis pelas áreas de conhecimento do curso e com a equipe pedagógica, a respeito dos conteúdos a serem desenvolvidos, do material didático a ser utilizado, da proposta metodológica, do processo de acompanhamento e avaliação de aprendizagem. São constantemente retomados os princípios norteadores do curso, a partir das práticas vividas, de situações novas que aparecem, de discussões teóricas no campo da educação, de questionamentos e incertezas. Esse "mergulho" (ou "afastamento" da prática rotineira do curso) se dá nos Centros de Apoio de cada Pólo8, nos encontros mensais que aí ocorrem.
O orientador que não se abre para aprender, que não aprende continuamente, que não pesquisa, que não está bem consigo mesma, que não gosta e não se sente compromissada com o que está fazendo, como poderá orientar e fazer com que o acadêmico aprenda?
Muito mais do que realizar leituras e/ou participar dos encontros de formação, trata-se de um constante re-pensar e re-fazer da atividade de orientação por meio da atitude de pesquisar. Se o orientador pretende formar o acadêmico em sujeito com autonomia cognitiva e humana, capaz em aprender a aprender para que sua vida e sua prática pedagógica sejam transformadas, não é suficiente "cobrar" do acadêmico que ela pesquise, é fundamental que o orientador vivencie quotidianamente esta atitude investigando sobre a caminhada de seus acadêmicos como sobre sua trajetória enquanto orientador.
De certa forma, o autor não deixa de estar correto em sua colocação, pois a “nomeclatura” tutor, sugere o significado de protetor,de pessoa que se responsabiliza por outra e que resolve situações problemas para a mesma. Na verdade, em nada se parece com o real papel que desempenhamos. Não resolvemos ou “buscamos”para nós, responsabilidades que são das alunos, apenas orientamos, damos suporte, auxiliamos. Mostramos o caminho que devem percorrer para alcançarem seus objetivos, mas não caminhamos por eles!!
Então, neste sentido, será que a melhor terminologia aplicada à nós seria a de orientador? Agora fiquei em dúvida!!


Sobre EAD


Bom é hora de registrar e de atualizar o meu leitor sobre minhas novas construções.


Estava lendo um texto sobre Educação à distância para professores, quando me deparei com o texto do autor Oreste Preti, em que abordava essa, mas “nem tão nova” modalidade, que é o EAD.
Dentre muitas colocações feitas por ele, esta me chamou atenção:
”Feche por uns minutos os olhos e imagine uma escola sem salas de aula, sem paredes, sem carteiras, com estudantes indo e vindo, conversando, lendo em diferentes espaços livres, ora reunidos em equipe, ora desenvolvendo atividades individuais, com horários diversificados para atendimento individual ou em grupos, com calendário flexível, acompanhamento personalizado, sob a orientação de um grupo de educadores, etc. Talvez, você exclamará surpreso: “Esta escola não existe”. Quem sabe, num futuro seja possível!”.
Aqui o autor não está falando da educação do futuro (vivencia-se experiências em EAD desde a década de 1960(Projeto Minerva, Logos I e Logos II,Telecurso 2000, Salto para o Futuro, TV Escola,...). Na realidade, está falando de uma educação real e atual, possível e que está acontecendo em nosso país. Temos acompanhado o crescimento da educação à distância, fato que vem ampliando não só as possibilidades de formação docente, mas efetivamente o número de oportunidades de capacitação a tantos professores. Vivemos em um mundo que está em constante mudança, onde a falta de tempo das pessoas tornou-se um obstáculo na busca de novos conhecimentos e até mesmo do aperfeiçoamento daqueles já adquiridos. Sendo assim, mesmo que ainda não sejam disseminadas informações suficientes para uma compreensão mais profunda das possibilidades da educação à distância e dos fatores que tornam os programas de EAD efetivos e de qualidade, a educação está se fazendo chegar através deste projeto, que disponibiliza a integração, a disseminação do conhecimento, a promoção e adoção da web como ambiente educacional, fazendo do ensino nas salas de aula, uma maneira mais interessante de aprender, já que incentiva as práticas pedagógicas e relações interdisciplinares, antes impossíveis de ocorrer facilitando a integração de todos os envolvidos na realização deste processo.
Preti coloca ainda: “Na modalidade EAD, não existe este ou aquele sujeito no centro do processo educativo. A educação se constrói continuamente numa rede de relações, de (re) construções, de transgressões, afirmações e parcerias, em que todos os sujeitos envolvidos participam, têm responsabilidades e compromissos, modificam e são modificados. Quem educa é muito mais uma "instituição" e um sujeito coletivo do que pessoas individualmente. A educação a distância contribui para um novo modo de ser, despertando o interesse e a determinação em superar e transgredir limites.”.
Concordo com o autor quando fala que se deve transgredir limites e que uma destas transgressões é a ruptura, ou seja, separar o processo de ensinar do processo de aprender, já que acontecem em tempo e espaço separados. Quem "ensina" e quem "aprende", não necessariamente encontram-se no mesmo local e ao mesmo tempo. Partindo desta perspectiva, o sujeito cria nova significação para tempo e o espaço, permitindo um maior respeito aos ritmos pessoais, às diferenças sociais e culturais, às trajetórias e histórias de vida individuais, contribuindo no processo de construção da autonomia intelectual e política e ao resgate da auto-estima pessoal e profissional.
De fato, a educação a distância parece ser uma alternativa preciosa para um país como o nosso, onde a gigantesca extensão territorial e a falta de igualdade na distribuição de oportunidades educacionais são fatos inquestionáveis. Mais e mais é preciso buscar formas de atender a uma demanda significativa de profissionais que, não podendo beneficiar-se do ensino convencional, ficam à margem de possibilidades de capacitação e aperfeiçoamento.

 
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