terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Tutoria e mediação pedagógica em EAD

"... aprender não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação..."
Paulo Freire

A leitura do texto “Redes cotidianas de conhecimentos e valores nas relações com a tecnologia”, da autora Nilda Alves, procura nos colocar a frente de diferentes pontos relativos à maneira de perceber como o conhecimento é produzido. Traz através de metáforas, duas formas de se perceber tais conhecimentos. Uma delas é a árvore, uma presença bastante forte ainda na nossa sociedade e em nossa organização escolar, representando a seleção, a hierarquização, à disciplinarização, a normalização e a grupalização do conhecimento. Onde a participação acontece de forma passiva e o currículo é organizado de forma fracionada, tendo um detentor do poder que dita normas que não são questionadas. Ou seja, é uma estrutura classificatória e conseqüentemente excludente. A outra forma de se compreender como o conhecimento é criado é a rede, cujo referencial básico é a prática social. É a pedagogia da prática teoria prática e não mais da teoria – prática, sendo entendido como necessário, permitindo a crítica e a superação da linearidade. A reprodução/transmissão/construção do conhecimento se dá através de diversos e variados “espaçotempos” ou contextos do cotidiano, onde todos participam ativamente tendo sua voz e vez garantida e respeitada.
Refletindo sobre nossa ação tutorial, acredita-se que para superarmos as “marcas”, é preciso mudar o modelo que sempre predominou e aprendermos por outros caminhos, utilizando novos recursos, que é preciso aceitar o novo e nos posicionarmos frente a este outro modelo de educação. Assim, os papéis dos sujeitos envolvidos, precisam ser revistos discutidos para que venha interagir neste novo paradigma. Embora estejamos em constante transformação, passando por ressignificações, visto que somos oriundos de um modelo tradicional, onde o professor era quem detinha o saber, quem questionava e nos moldava de forma a nos tornarmos sujeitos passivos, ansiosos e impossibilitados de estabelecer um diálogo, uma troca para construções do conhecimento. Embora estejamos reescrevendo nossa escrita no pergaminho do PEAD, ainda se pode observar algumas marcas existentes e que de alguma forma queremos que sejam apagadas por apresentarem características da estrutura da árvore. Entre outras temos: prazos e espaços pré-estabelecidos, seleção de conteúdos e a própria avaliação que coloca o professor/tutor como “avaliador”, o que diz o que é certo ou errado. Porém, as marcas acima citadas servem para refletirmos sobre os saberes e a própria aprendizagem a fim de que se reescreva o novo. Com isso, outras práticas características da estrutura de rede ganham destaque, como a aprendizagem colaborativa, as comunidades virtuais, a organização do próprio tempo, com espaço para a discussão onde tem garantido a escuta e as trocas. Nessa disputa por novas práticas, do fazer cotidiano em diferentes “espaçotempos”, nós tutores vamos apagando e reescrevendo novas marcas no nosso palimpsesto a fim de que se busque uma maior qualidade na prática e teoria dos envolvidos no processo.
A minha que relato agora diz respeito ao primeiro contato que tive com o PEAD. Mesmo possuindo diferentes conhecimentos, adquiridos em diferentes contextos e “espaçotempos” (tenho curso superior e diversos cursos referentes à informática educativa), foi um impacto grande. Quando tivemos a primeira formação, cheguei a pensar que não daria conta de tudo que nos tinham passado. Mesmo tendo conhecimento dos assuntos a serem trabalhados no curso e até de algumas ferramentas, era tudo novo demais, a ponto de não visualizar qual era meu verdadeiro papel ali naquele ambiente, já que a relação entre os envolvidos no processo eram construídas e mantidas de forma virtual, estabelecendo um vínculo afetivo diferente. Marcada não pela presença física, mas pela multiplicidade dialógica, possibilitado pelos espaços de interação, como Chats, MSN, rooda, wiki, e-mail... Mesmo assim não desisti e procurei fazer minhas construções, interagindo nos ambientes, lendo, fazendo outros cursos de aperfeiçoamento digital, enfim, acabou se formando uma rede de colaboração, de trocas de experiências, de construções de saberes, oportunizando minhas aprendizagens e meu letramento tecnológico. (Giselda Corrêa)
Referência:

ALVES, N.
Redes Cotidianas de Conhecimentos e Valores nas Relações com a Tecnologia: as metáforas da árvore e da rede.
Disponível em http://www.lab-eduimagem.pro.br/frames/seminarios/pdf/apresI.pdf

“A importância da ação Tutorial na Educação a Distância”: Discussão das competências necessárias ao tutor


Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Alessandra Cardoso Soares Dias
Aline campos da Rocha Ferreira

“Para que o diálogo seja inaugurado é necessário que o sujeito se abra para o mundo e aos outros e inaugure com seu gesto a relação dialógica em que se confirme como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente movimento da História. "
(FREIRE, 1996:136)
O presente texto aponta sob a ótica de diferentes autores a importância da atuação do tutor, bem como suas competências num ensino à distância onde possibilita a auto-aprendizagem com diferentes suportes, objetivando a qualidade do ensino e da aprendizagem.
O autor Armengol aborda a importância da atuação do tutor assim como a conversação mediatizada pela sua própria ação. Apontando que em EAD existem diversas denominações para tutor (assistente, assessor, mediador, mentor...), porém todos com muitas demandas e competências, tendo assim a necessidade de criar diferentes estratégias para que alcance os objetivos em relação ao ensino-aprendizagem. Não desfaz a relação do “triângulo didático”, constituído pelo aluno, professor/tutor e objeto do conhecimento, criando assim, estratégias que propiciem a análise, problematização e a reflexão deste aprendizado.
A autora Donald Schön Pimenta, utiliza a terminologia “Intelectuais críticos e reflexivos” e alerta para a redução dos saberes docente a competências e a docência a um mero agrupamento de técnicas.
Para Maurice Tardiff, constata que o saber do professor é plural (composto por várias áreas do conhecimento), estratégico (construção de novos conhecimentos) e desvalorizado (papel na sociedade menor que a comunidade científica). Preferindo utilizar a expressão “saberes docentes” ao invés de competências.
Antônio Névoa refere-se aos “Três A”, que alicerçam a construção da identidade docente: Adesão (princípios, valores e projetos coletivos), Autonomia (de julgamentos e decisões) e Autoconsciência (reflexão sobre a própria ação). Conclui que a identidade docente não é um dado adquirido e sim, um espaço de construção de maneiras de ser e de estar na profissão.
Blandin define quatro áreas para desenvolver as competências de um docente (presencial ou não): Cultura Técnica, competência de comunicação, capacidade de trabalhar com método, capacidade de capitalizar.
Já para Belloni, o papel do professor na EAD é de ser “parceiro” no processo de construção do conhecimento, em atividades de pesquisa e na busca da “inovação pedagógica”. Apresenta as dimensões dos saberes docente:
* Pedagógica
* Tecnológica
* Didática

* Pessoal (que corresponde aos saberes experenciais de Tardiff).
Enfim, este texto destaca a importância da ação tutorial, alicerçada em uma sólida trinômia ação – reflexão – ação.
Questão:

Com o surgimento das novas tecnologias da informação e da comunicação, a educação à distância, deu um novo impulso fazendo aparecer, formas alternativas de geração e de disseminação do conhecimento. O que antes era centralizada no texto impresso, agora da lugar a fontes eletrônicas digitais de informação, oferecendo inúmeras possibilidades para a aprendizagem. Neste novo cenário, os papéis tradicionais (professor, aluno e escola) precisam ser melhor compreendidos e investigados, ou seja, precisa ter sua função, sua prática, seu papel questionado, compreendido, estudado. Assim, este processo ainda nos trás algumas questões, tais como: O que significa realmente ser tutor? O tutor ensina? Quem é reconhecido como bom tutor? Como se avalia o trabalho do tutor? Qual a importância da tutoria no contexto do curso a distância?

Referência:

OLIVEIRA,E.,DIAS, A. FERREIRA. A importância da ação tutorial na educação a distância: discussão das competências necessárias ao tutor. In: VII Congresso Iberoamericano de Informática Educativa.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

TECENDO A REDE, MAS COM QUE PARADIGMA?


Em seu artigo a autora Maria Cândida Moraes, contrapõe à abordagem instrucionista a abordagem construcionista do conhecimento, induzindo ao fator negativo da primeira, pois essa prática nos remete ao passado, reforçando o paradigma tradicional, retornando a uma “educação bancária.”.
A metodologia construcionista coloca ênfase na construção do conhecimento, entretanto a metodologia instrucionista dá ênfase ao processo de aquisição do conhecimento, que o indivíduo acaba não interagindo com o objeto, mediante isso, não há uma aprendizagem significativa.
Quando se fala em aprendizagem podemos mostrar através de pesquisas feitas, as novas ferramentas tecnológicas que podem favorecer para essa interação:
• O desenvolvimento de processos construtivos de aprendizagem,
• Criação de novos espaços de aprendizagem,
• Novas formas de representação da realidade
• Ampliação de contextos
• Incentivo aos processos cooperativos de produção do conhecimento. .
• O desenvolvimento do pensamento reflexivo (Valente, 1999), .
• Consciência crítica e o encontro de soluções criativas aos novos problemas que surgem (Nevado, 1999).
O uso adequado e competente dessas ferramentas computacionais possibilita:
• A construção de ambientes virtuais de aprendizagem que privilegiam a construção do conhecimento compartilhado,
• O desenvolvimento de processos reflexivos, .
• Perspectivas interacionistas geradas entre pessoas e objetos de conhecimento. .
Mas, temos que proporcionar nesses ambientes é o lado criativo, crítico, organizado e inovação para o uso das ferramentas tecnológicas, para o indivíduo ter um melhor conhecimento.
Segundo Laszlo (2000:10), precisamos observar quenovas redes de comunicação e de informação continuam a crescer rapidamente, conectando pessoas em todo mundo. Mas elas não podem garantir um mundo humano e sustentável. Se as redes de informação continuar a ser dominadas por aqueles que têm os meios para defender os seus próprios interesses, freqüentemente míopes, eles irão tornar os ricos mais ricos, sem preocupação com os crescentes números de pobres destituídos.” Ou seja, conforme Gaston Pineau, (2000), o grande desafio mundial da atualidade é a necessidade que temos que modernizar sem excluir!
Então, como educar para uma sociedade do conhecimento que requer sujeitos autônomos, críticos, criativos, eternamente aprendentes, usando técnicas e metodologias epistemologicamente equivocadas e cientificamente defasadas?

Novos cenários mundiais- Novas metodologias

As novas tecnologias da informação e da comunicação vão além de uma ferramenta pedagógica. Facilita a busca de informações e dados, fornecendo feedback imediato, bem como, serve para o desenvolvimento de atividades que facilitem a aquisição da autonomia, da solidariedade, da criatividade, da cooperação e da parceria, criando ambientes possíveis de vivenciar valores humanos superiores associados aos processos de construção de conhecimento.
A evolução acelerada da ciência e da tecnologia exige espaços e sistemas abertos, conhecimentos emergentes e não-lineares, processos auto-organizadores, com novas metodologias e ambientes interativos e transdisciplinar que compreendam que o aprendizado é um processo de construção individual/coletivo.
Vida, experiência e aprendizagem estão intrinsecamente entrelaçadas em nossa corporeidade, já que, simultaneamente, vivemos, experimentamos, aprendemos e conhecemos o que nos leva a compreender que o processo de aprendizagem é sempre integrado, amplo, multidimensional e muito mais rico do que se supunha até agora.
Com ou sem o uso das tecnologias, necessitamos de metodologias que compreendam que desenvolvimento e aprendizagem constituem processos integrados que abrangem várias dimensões humanas. Fazendo com que o aprendiz/aprendente, com sua sensibilidade, intuição, emoção e corporeidade condicione o conhecer e o fazer. Sabemos que não existe uma aprendizagem formal específica ou ao uso desta ou daquela ferramenta. Aprendizagem e vida já não mais se separam, já que, simultaneamente, vivemos, experimentamos, aprendemos e conhecemos o que nos leva a compreender que o processo de aprendizagem é sempre integrado, rico, amplo e multidimensional.

Reconfigurando o cenário epistemológico

O processo de construção do conhecimento, o desenvolvimento da aprendizagem, o conhecimento em rede, os processos de auto-organização, a autonomia e a criatividade, influenciam na construção e reconstrução não apenas da educação, mas, sobretudo a um melhor reposicionamento do aprendiz/aprendente diante do mundo e da vida a partir de uma compreensão mais adequada do que seja a realidade. .
São teorias que combatem fortemente o modelo causal tradicional presente nas teorias instrucionistas. Essas teorias revelam alguns critérios, princípios e valores que induzem práticas pedagógicas mais dinâmicas, integradoras, sistêmicas, inovadoras e bem fundamentadas com uma maior clareza conceitual em relação ao conhecimento e à aprendizagem, ajudando a desenvolver uma prática pedagógica mais inovadora e bem fundamentada, facilitando a compreensão nos fenômenos educacionais, e colaborando para compreendermos melhor as questões relacionadas ao processo de construção do conhecimento, bem como o funcionamento de comunidades virtuais de aprendizagem. .
O texto fala também sobre a questão dos parâmetros sistêmicos. Segundo Vieira, (2000), estes parâmetros envolvem uma organização, palavra que expressa a funcionalidade e a identidade de qualquer sistema a partir de um conjunto de componentes e das relações de produção que o caracteriza. Um dos parâmetros fundamentais que todo sistema possui é o seu Ambiente, onde as interações e as relações ocorrem. Para Maturana (1995), ambiente é o espaço onde o ser vive se realiza como entidade autopoiética. É o espaço relacional entre o sistema e o meio, o local onde ocorrem as trocas energéticas, materiais e informacionais nos mais diferentes níveis. Outro parâmetro sistêmico importante é a Conectividade, capacidade de estabelecer relações, conexões, enlaces, vínculos que permitem a interatividade e a interdependência entre o sistema e o meio. A Auto-organização é a condição que lhe permite a autoprodução de si mesmo e a adaptação às condições em que se encontra. Complexidade é a quantidade de informações que possui um organismo ou um sistema qualquer, indicando uma grande quantidade de interações e de interferências possíveis nos mais diversos níveis. A complexidade aumenta com a diversidade de elementos que constituírem o sistema.

Perspectivas implícitas no pensamento ecossistêmico: implicações na educação e na organização de comunidades virtuais.

Pensamento sistêmico =pensamento-chave, fundamental, processo de construção do conhecimento e o funcionamento de comunidades virtuais. Deve possuir uma estrutura aberta, em permanente processo de construção e reconstrução. Não podemos ignorar esta estrutura conceitual importante que envolve a auto-organização, a complexidade, os sistemas dinâmicos adaptativos e que nos traz uma nova visão desafiadora do conhecimento. Alterando a relação ética e teórica do ser humano consigo mesmo, com os outros. Essa nova visão requer transformações na forma de ser, de atuar e de estar no mundo, bem como o de transformar a concepção do que seja o processo de construção do conhecimento e a mediação pedagógica. .
Então, como relacionar estes parâmetros sistêmicos com desenvolvimento cognitivo, aprendizagem e, em especial, aprendizagem e novas tecnologias da informação e da educação?
O pensamento eco-sistêmico pressupõe:
* A existência de um dinamismo intrínseco envolvendo as coisas da natureza
* Os instrumentos da cultura e da própria sociedade.
* Idéia de movimento, .
* Processos auto-reguladores, interdependentes, um contínuo vir a ser. .
* Processo permanentemente aberto, .
* Contínua construção e reconstrução.
O pensamento eco-sistêmico acredita que:
* Educação= sistema, simultaneamente, aberto e fechado.
* Organizacionalmente fechado e estruturalmente aberto. .
* Sistemas educacionais=estruturas dissipadoras de energia, auto-organizadoras, aceitando o desconhecido, o inesperado, o imprevisível e se auto-organizando a partir de novas conexões e relações. Podendo ser estendida às comunidades virtuais, a partir das relações de cooperação, colaboração e parcerias que se estabelecem entre os seus componentes. Este novo modo de pensar, associado às novas tecnologias da comunicação e da informação, pressupõe processos interativos, dinâmicos, abertos, aonde a liberdade de expressão vá além do determinismo e da linearidade tão presente nos pré-requisitos estabelecidos pelo ensino tradicional e que muitas vezes criam impedimentos para o desenvolvimento natural do aprendiz. .
Segundo Baserab Nicolescu, (1999), "o pensamento eco-sistêmico nos incita a criar novas metodologias transdiciplinares nos processos de construção do conhecimento, que seja capaz de mediar os diferentes diálogos entre as diversas áreas do conhecimento e que, ao mesmo tempo, compreenda a co-evolução do ser humano em sintonia com universo”. É importante que todos compreendam que vivemos e convivemos dentro de um mesmo espaço, que pertencemos a um mesmo universo e que dependemos individualmente de cada ser e ao mesmo tempo do coletivo, promovendo transformações na prática pedagógica e nas propostas curriculares, levando o indivíduo a pensar de forma mais global e integradora e a compreender mais facilmente que o universo é um lugar de aprendizagem contínua.
Assim como coloca Fagundes (1999) “Somente assim poderemos utilizar as novas tecnologias para construirmos redes de conexões não apenas preocupadas em favorecer o acesso à internet às populações carentes e marginalizadas, mas que estejam voltadas para o desenvolvimento de uma inteligência coletiva, para o exercício de uma cidadania fraterna e solidária”.

Manual do Tutor do Pead

A autora Maria Cândida Moraes apresenta sua preocupação com os cursos em EAD e o uso das novas tecnologias como ferramentas meramente instrucionistas ou informativas. Em contrapartida, a autora apresenta uma proposta epistemológica diferenciada, tendo em vista um máximo aproveitamento dos recursos tecnológicos que a EAD pode promover, no sentido de superar barreiras temporais, espaciais e disciplinares através de novas metodologias, novas práticas e novos ambientes. Uma proposta que apresenta as TICs como fonte de informação, investigação e descoberta individual ou em grupos, e que também reconhece as funções construtiva, reflexiva e criativa destas ferramentas.
Ao comparar o Projeto Pedagógico do PEAD à proposta da autora, é possível reconhecer muitos pontos convergentes, principalmente em relação ao resgate do indivíduo multidimensional e inteiro, da inteireza humana - intuição, imaginação, emoção, razão - como se pode observar a partir da análise dos elementos que compõem este Projeto. .
O princípio norteador do curso de Pedagogia na modalidade à distância – “A compreensão da dinâmica social e da rede de relações que a cria e sustenta, assim como do espaço que nela ocupa a educação” (Guia do Tutor) - reflete a principal preocupação da autora em relação à aprendizagem: vida e aprendizagem andam juntas. Neste sentido, a utilização de ferramentas e atividades que desenvolvam a autonomia, solidariedade, criatividade, cooperação e parcerias e o uso de ambientes virtuais de aprendizagem, podem proporcionar a vivência de valores humanos superiores, ativar processos cognitivos, permitir novas representações do mundo e conseqüentemente, transformar as redes sociais e suas relações.
A própria organização dos pressupostos básicos do projeto pedagógico, entre eles a autonomia na definição do currículo, a relação entre prática e pesquisa e a articulação entre as disciplinas, são elementos que demonstram a clara intenção de proporcionar aos alunos experiências que privilegiam a construção do conhecimento compartilhado, o desenvolvimento de processos reflexivos, numa perspectiva interacionanista, confrontando assim projetos que controlam e decidem o que, quando e como o aluno deve aprender, sem levar em conta suas necessidades reais. A definição dos objetivos para o curso também são um reflexo da intenção de constituir o aprendente como micro ator de uma rede de relações/interação mútua, simultânea e recorrente: “Preparar o professor para a reflexão teórica permanente e a recriação das práticas escolares (...)”; “compreender o contexto histórico (...)”: “buscar articulação (...)” (Guia do Tutor); entre outros. .
O pensamento reflexivo, a consciência crítica, a construção de questionamentos e a busca de soluções criativas são elementos decisivos para a construção de um projeto que se preocupa em promover atividades que enriqueçam os alunos através de novas experiências e novas aprendizagens. Neste sentido, a autora já apresenta dados referentes a pesquisas realizadas na própria UFRGS, pesquisas relativas ao uso das novas tecnologias na criação de novos espaços de aprendizagem, novas formas de representação da realidade, de ampliação de conceitos e maior incentivo aos processos cooperativos de aprendizagem. Para o PEAD, este compromisso com uma nova prática pedagógica é evidenciado em sua proposta metodológica, caracterizada pelo compartilhamento de ações interdisciplinares, pelo trânsito entre teoria e prática, articulação e planejamento de atividades integradas e formação de comunidades de aprendizagem.
Alguns cursos à distância sofrem pela escolha de um enfoque centralizado e descontextualizado. Transmitem conteúdos, escolhem processos diretivos rígidos, são condutistas e promovem a memorização mecânica e não a compreensão de conceitos. Este é um problema enfrentado não pela modalidade à distância, mas pela escolha de um método e de um paradigma que não proporcionam a operacionalização, a criação e a construção do conhecimento. Uma nova epistemologia permite que alunos, professores e tutores experimentem novas formas de pensar, representar, armazenar, conhecer e disseminar informações. A autora reafirma a necessidade de mudanças, baseada nos novos paradigmas da ciência, nas novas metodologias e práticas, a partir dos conceitos de sistemas abertos/conhecimentos emergentes e não lineares/processos reguladores/economia global e sociedade digital. Apresenta tal modelo de ciência como uma nova “fase evolutiva” humana - a fase do pensamento reflexivo e sistêmico, complexo, dialógico e transdisciplinar – fato que determinaria uma nova visão educacional. Mais uma vez tais idéias encontram repercussão no Projeto Pedagógico do PEAD, em sua organização didático-pedagógica, através da estruturação das interdisciplinas, da integração proposta pelo seminário integrador e da articulação a partir de um eixo e suas temáticas. “Nessa estrutura, a interação entre todos vai favorecer a discussão em rede, que se desencadeará a partir de questões problemas ou temas (...).” (Guia do tutor). .
Além disto, as estratégias de apoio à aprendizagem e a garantia de comunicação entre todos os envolvidos no processo tem como base uma metodologia interativa e problematizadora. Tais práticas, dinâmicas, integradoras e holísticas, requerem maior clareza conceitual e pressupõem a construção de uma rede de relações e a consolidação de conceitos de autopoiése, estruturas dissipatórias e realimentação. Neste sentido a autora sustenta sua tese a partir de novas teorias científicas que relacionam sujeito e ambiente: “somos o que são os nossos fluxos – trocas energéticas, materiais e informacionais” (Moraes). A conectividade é a capacidade de estabelecer tais relações, conexões, enlaces, vínculos entre sistema e meio.
Neste novo cenário epistemológico, a autora destaca dois conceitos principais: o pensamento ecológico (relacional, em rede, aberto) e a Teoria da complexidade (pensamento sistêmico, complexo, múltiplo). Ao relacionar tais conceitos, altera a relação ética e teórica do ser humano, altera concepções e mediações, refere-se ao “pensamento ecossistêmico” como um processo aberto, em contínua reconstrução, indica a existência de um dinamismo intrínseco, baseado na auto-organização, em sistemas dinâmicos adaptativos e evidencia a relação entre cognição e vida. Sendo assim, o Projeto Pedagógico, deve proporcionar constante intercâmbio com o meio, postura, valores e atitudes coerentes e congruentes aos princípios organizadores da vida, aos processos interativos, dinâmicos e interdependentes da existência. A atuação de professores e tutores deve ser conduzida a partir de metodologias que reconheçam a existência de uma natureza viva e transdisciplinar na construção do conhecimento, diferentes diálogos, diferentes perspectivas (teórico e práticas) e diferentes contextos.
Assim, tutores têm como função geral no Projeto Pedagógico do PEAD “proporcionar motivação, feedback, diálogo, orientação personalizada e orientação coletiva e estabelecer vínculos com cada estudante.” (Guia do tutor) Ainda se pode destacar as funções pedagógica, social e organizativa do tutor. É possível perceber que ao cumprir suas funções, o tutor assiste o Projeto Pedagógico, e serve como um mediador, um facilitador nas discussões, além de realizar intervenções pontuais sempre que necessário. Tal postura e exigências refletem uma preocupação em relação ao alcance dos objetivos do curso, de maneira a garantir e a promover o desenvolvimento de uma inteligência coletiva, da compreensão abrangente do mundo e da possibilidade de transformações na prática e na vida. A vivência de valores como solidariedade, compaixão, ética e evolução (coletiva) facilitam a vida e a aprendizagem, aproximam alunos, tutores e professores e promovem a construção de redes harmoniosas, que constroem a paz e conduzem os indivíduos ao resgate da inteireza humana.

Fazendo o fechamento...



Depois de algum tempo sem aparecer... Estou de volta!!! Estava revendo minhas atividades, organizando os materias do semestre, excluindo arquivos e imagens, enfim dando uma limpa no meu pen drive, quando abri uma pasta chamada Portfólio. Neste momento percebi que fazia algum tempo que não escrevia no meu. Neste semestre ocorreram algumas mudanças pra mim. Passei a ser tutora de sede e trabalhei no primeiro semestre com as Interdisciplinas de Ciências e Estudos Sociais e no segundo, com a Interdisciplina de Organização e Gestão da Educação. Devo confessar que no início fiquei bastante assustada, pois nós tutores de Pólo temos funções diferenciadas das tutoras de sede. Quando trabalhamos no Pólo, participamos mais efetivamente do planejamento e desenvolvimento das atividades propostas pelo professor. Somos coordenadores, mediadores, incentivadores à participação individual e coletiva. Estamos diretamente ligada às alunas. Já como tutora de Sede, não temos esta ligação tão próxima, o contato é mais virtual (MSN, chats, fóruns, comentários, e-mails...), mas mesmo distante procuramos incentivar a troca de aprendizagens, dúvidas, experiências, informações... entre alunos X professores X tutores. Em contrapartida, temos um contato mais efetivo com os professores, que além de discutir os obstáculos enfrentados neste meio e as estratégias adequadas para superar a distância geográfica e temporal existente entre professor-aluno, busca auxiliar no processo ensino/aprendizagem. Nossa função também é de facilitar e acompanhar o acesso dos alunos às temáticas e as atividades propostas pela disciplina.



Na interdisciplina de Estudos Sociais, trabalhei com a professora Simone Valdete e com a colega Patrícia Marchand, na Interdisciplina de Ciências, trabalhei com a professora Silvia Cramer e com a colega Denise Severo, já em Organização e Gestão da Educação, com a professora Elena Billig e com a colega Luciane Mota. Como escrevi, no início fiquei preocupada, mas logo e com o auxílio das colegas, comecei a me inteirar sobre o funcionamento das tarefas que teria que desempenhar, pois agora teria um contato mais próximo com alunas e professores, já que começaria a comentar os trabalhos, participaria da avaliação processual e ao final do semestre participaria da banca do Workshop. Foi um período de grande crescimento pra mim porque interagimos, socializamos experiências, construímos novas aprendizagens e conhecimentos. Temos a oportunidade de analisar e opinar dentro do plano de atividades da interdisciplina, com objetivo de facilitar o desenvolvimento das atividades, auxiliando o aluno a avançar e aprofundar os seus saberes, refletindo e melhorando cada vez mais sua prática. Acredito ser bastante importante esta troca que está ocorrendo entre as colegas de Pólo e Sede. Acho que todos nós deveríamos ter a experiência de desenvolver a função de tutoria em Pólo e Sede, assim teremos uma visão bem mais abrangente sobre a função, à prática de cada um, as construções das aprendizagens, ou seja, a real importância da tutoria no contexto da EAD! Na seqüência estarei postando também os trabalhos desenvolvidos na ESPEAD. Até...

 
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