terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Tutoria e mediação pedagógica em EAD

"... aprender não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação..."
Paulo Freire

A leitura do texto “Redes cotidianas de conhecimentos e valores nas relações com a tecnologia”, da autora Nilda Alves, procura nos colocar a frente de diferentes pontos relativos à maneira de perceber como o conhecimento é produzido. Traz através de metáforas, duas formas de se perceber tais conhecimentos. Uma delas é a árvore, uma presença bastante forte ainda na nossa sociedade e em nossa organização escolar, representando a seleção, a hierarquização, à disciplinarização, a normalização e a grupalização do conhecimento. Onde a participação acontece de forma passiva e o currículo é organizado de forma fracionada, tendo um detentor do poder que dita normas que não são questionadas. Ou seja, é uma estrutura classificatória e conseqüentemente excludente. A outra forma de se compreender como o conhecimento é criado é a rede, cujo referencial básico é a prática social. É a pedagogia da prática teoria prática e não mais da teoria – prática, sendo entendido como necessário, permitindo a crítica e a superação da linearidade. A reprodução/transmissão/construção do conhecimento se dá através de diversos e variados “espaçotempos” ou contextos do cotidiano, onde todos participam ativamente tendo sua voz e vez garantida e respeitada.
Refletindo sobre nossa ação tutorial, acredita-se que para superarmos as “marcas”, é preciso mudar o modelo que sempre predominou e aprendermos por outros caminhos, utilizando novos recursos, que é preciso aceitar o novo e nos posicionarmos frente a este outro modelo de educação. Assim, os papéis dos sujeitos envolvidos, precisam ser revistos discutidos para que venha interagir neste novo paradigma. Embora estejamos em constante transformação, passando por ressignificações, visto que somos oriundos de um modelo tradicional, onde o professor era quem detinha o saber, quem questionava e nos moldava de forma a nos tornarmos sujeitos passivos, ansiosos e impossibilitados de estabelecer um diálogo, uma troca para construções do conhecimento. Embora estejamos reescrevendo nossa escrita no pergaminho do PEAD, ainda se pode observar algumas marcas existentes e que de alguma forma queremos que sejam apagadas por apresentarem características da estrutura da árvore. Entre outras temos: prazos e espaços pré-estabelecidos, seleção de conteúdos e a própria avaliação que coloca o professor/tutor como “avaliador”, o que diz o que é certo ou errado. Porém, as marcas acima citadas servem para refletirmos sobre os saberes e a própria aprendizagem a fim de que se reescreva o novo. Com isso, outras práticas características da estrutura de rede ganham destaque, como a aprendizagem colaborativa, as comunidades virtuais, a organização do próprio tempo, com espaço para a discussão onde tem garantido a escuta e as trocas. Nessa disputa por novas práticas, do fazer cotidiano em diferentes “espaçotempos”, nós tutores vamos apagando e reescrevendo novas marcas no nosso palimpsesto a fim de que se busque uma maior qualidade na prática e teoria dos envolvidos no processo.
A minha que relato agora diz respeito ao primeiro contato que tive com o PEAD. Mesmo possuindo diferentes conhecimentos, adquiridos em diferentes contextos e “espaçotempos” (tenho curso superior e diversos cursos referentes à informática educativa), foi um impacto grande. Quando tivemos a primeira formação, cheguei a pensar que não daria conta de tudo que nos tinham passado. Mesmo tendo conhecimento dos assuntos a serem trabalhados no curso e até de algumas ferramentas, era tudo novo demais, a ponto de não visualizar qual era meu verdadeiro papel ali naquele ambiente, já que a relação entre os envolvidos no processo eram construídas e mantidas de forma virtual, estabelecendo um vínculo afetivo diferente. Marcada não pela presença física, mas pela multiplicidade dialógica, possibilitado pelos espaços de interação, como Chats, MSN, rooda, wiki, e-mail... Mesmo assim não desisti e procurei fazer minhas construções, interagindo nos ambientes, lendo, fazendo outros cursos de aperfeiçoamento digital, enfim, acabou se formando uma rede de colaboração, de trocas de experiências, de construções de saberes, oportunizando minhas aprendizagens e meu letramento tecnológico. (Giselda Corrêa)
Referência:

ALVES, N.
Redes Cotidianas de Conhecimentos e Valores nas Relações com a Tecnologia: as metáforas da árvore e da rede.
Disponível em http://www.lab-eduimagem.pro.br/frames/seminarios/pdf/apresI.pdf

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